OBSERVAÇÃO:
No que se refere às orientações para elaboração das atuais avaliações do
PISM, as considerações da comissão responsável por esse tipo de exame na
UFJF, são as seguintes:
O ensino de matemática apresenta-se, hoje
especialmente, como um campo repleto de desafios. A transmissão de
conteúdos e de procedimentos matemáticos tal como vinha sendo
privilegiada nas últimas décadas já não responde às exigências de uma
sociedade em que os valores da cidadania estão em pauta.
A matemática, na sua origem, constituiu-se a
partir da necessidade humana de lidar com o mundo e agir sobre esse
mundo. O processo de construção do pensamento matemático em níveis cada
vez mais complexos de abstração e de rigor, acabou por tornar a ciência
matemática uma ciência desvinculada dos aspectos mais concretos do viver
cotidiano. Muitas vezes, pelo fato do professor não ter tido, na sua
formação, a oportunidade de discutir as questões referentes à
constituição da ciência matemática, o ensino desta disciplina escolar
tem evidenciado um afastamento da compreensão e do raciocínio.
Efetivamente, tem se privilegiado a aplicação de fórmulas e de cálculos.
Esse quadro agravava-se, ainda, pelo tipo de exame vestibular que
dominava o quadro nacional. Ao exigir o treinamento de procedimentos e
não a sua compreensão; ao medir a capacidade de decorar fórmulas e
algoritmos e não de expor raciocínios e argumentações, o vestibular
contribuía, ainda mais, para o agravamento dessa situação.
A partir das discussões que emergem pela
constituição de uma nova área do conhecimento, a educação matemática,
que, no Brasil, encontra-se em pleno desenvolvimento, surgem novas
questões e caminhos de superação são apontados. Os documentos nacionais
têm dado uma atenção especial às sugestões que resultam das pesquisas e
estudos dos educadores matemáticos. Nesse sentido, os Parâmetros
Curriculares Nacionais e as Diretrizes para a Educação Básica propõem
que, na área de matemática, se resgate o papel dessa disciplina como um
dos canais para a construção de um cidadão crítico, participativo, capaz
de tomar decisões. Isso, certamente, implica numa abordagem ao
conhecimento matemático escolar em que as competências de estabelecer
relações, raciocinar logicamente, fazer inferências, descobrir
regularidades, entre outras, sejam privilegiadas. Especialmente no
Ensino Médio isso implica em trabalhar o conteúdo matemático a partir de
situações contextualizadas, seja em fatos do dia a dia seja em situações
oferecidas pelas outras ciências (física, química, biologia). Implica,
também , propor aos alunos desafios que lhes permitam desenvolver o
raciocínio argumentativo, o estabelecimento de relações e as
generalizações próprias do raciocínio abstrato e lógico.
Com a intenção de assumir essa aproximação no
ensino da matemática, a UFJF, a partir da constituição de uma comissão
com representantes da comunidade e da própria universidade, construiu
uma Matriz de Competências em Matemática, organizando os descritores em
cinco categorias, assim distribuídas:
C1 - ler, selecionar, interpretar informações;
C2 - representar matematicamente uma situação dada;
C3 - transpor informações de uma representação matemática para outra;
C4 - escolher uma estratégia adequada;
C5 - executar uma estratégia (aplicar um conhecimento).
A associação dessas competências às descrições do
conteúdo matemático constitui o que chamamos de descritores. Trata-se,
nesse sentido, de colocar o foco não no conteúdo pelo conteúdo, mas na
capacidade do aluno em desenvolver habilidades e competências que lhe
permitam desempenhar-se na resolução de situações-problema. |